Apesar de eu defender um consumo mais equilibrado, não vejo o não consumo como uma opção sadia para os nossos tempos. Acredito que consumir em excesso fala sobre as nossas dores e faltas, tanto quanto não consumir nada.
A verdade é que há quem consuma muito na busca por um afago e um acolhimento que não encontra dentro de si. Mas há também quem não consuma nada com medo de prejudicar o meio ambiente ou com medo de faltar para o futuro. Percebe como os cenários se pautam pela escassez?
Aí, vem a grande questão: quando um consumo se pauta pela prosperidade? No meu ponto de vista, a compra deve seguir o passo a passo que vou compartilhar com você aqui neste texto. Vamos lá:
Digamos que surgiu o interesse de comprar algo, o meu primeiro passo é salvar em uma lista. Eu gosto de usar o Pinterest, mas pode ser no bloco de notas do celular, na agenda e em algum aplicativo de listas da sua preferência.
Um detalhe interessante é salvar as listas por categorias, por exemplo: guarda-roupa, saúde, decoração, cursos, livros, viagens… Assim, você percebe o que lhe move e para onde canaliza o seu dinheiro e a sua energia. Este já é um bom passo para o autoconhecimento.
Na sequência, deixo a vontade amadurecer. Se daqui a alguns dias eu não lembrar mais da peça ou ela deixar de fazer sentido, excluo da lista, porque são grandes as chances dessa não ser uma boa compra.
Se a vontade continua crescendo, me pergunto:
- Quando esta peça já estiver na minha vida (ou armário), como me sentirei com relação a ela? Ela fará diferença, me deixará feliz, facilitará a minha vida ou será só mais uma?
- Daqui a 1 ano, será que ainda estarei feliz por ter essa peça ou é possível que eu tenha vontade de doar ou vender?
- Como surgiu a vontade com relação a ela? Foi algo genuíno que despertou no desenrolar da minha rotina ou foi algo que veio do mundo exterior? Eu me coloquei suscetível a entrada desse desejo na minha vida? Redes sociais são lugares perfeitos para desenvolver novos desejos que vem pautados pelas nossas vulnerabilidades, atenção.
- Com relação a esse peça, sinto que é algo vindo de pressão social? Por exemplo: “sou consultora de imagem e toda consultora de imagem bem sucedidas se veste assim”…
- Será que a vontade pela peça vem de um desejo de pertencimento, de chamar atenção, de me sentir acolhida e amada? Aqui é importantíssimo não julgar os seus sentimentos. Não há certo e errado. O que sentimos é o que sentimos e pronto. O que fazemos com esse sentimento é que é o caminho para a nossa evolução ou para perpetuar o que nos prende.
- Qual dos meus valores humanos está sendo atendido quando compro essa peça? De novo, aqui não tem certo e errado com relação a valores humanos. Por exemplo: há quem ame status, há quem prefira caridade e há quem tenha os dois como valores inegociáveis. Evite julgar os seus valores, só os tenha na ponta da língua.
Chegamos, então, ao ponto em que a nova compra preenche todos os pré-requisitos positivos. Ainda antes de efetivá-la, faço uma última análise que me conta muito sobre o meu momento.
Quando me imagino com o bem, qual sensação ele me traz:
- Leveza, bem-estar, serenidade? Me sinto inteira com ou sem ele? Me sinto livre para expressar quem eu sou com ou sem ele? Ótimo.
- Eufórica? Ansiosa? Vontade de mostrar para os outros como uma prova social de que sou capaz? Se entrou nessa faixa, cuidado. Vamos aprofundar:
Quando você se acha algo por causa de um bem é porque o atributo está no bem e não em você. Por exemplo: “nossa, vou me sentir muito criativa com essa bolsa/essa bolsa vai fazer eu parecer muito criativa.” O que o cérebro entende é que sem a bolsa não há criatividade, ou seja, criativa é a bolsa e não a dona dela, entende?
Um outro exemplo é se você pensa: “essa bolsa Chanel vai atribuir muito poder para a minha imagem.” Aí, digamos que a bolsa é roubada. O que acontece? O seu poder vai embora junto.
Por isso, um raciocínio que recomendo que guie as suas compras prósperas são: como se sinte sem essa peça? Sem ela, consegue expressar tudo que quer que ela expresse? Sem ela, já se sente como quer que ela faça você se sentir?
Vou falar a verdade: quando percebi o quão poderosa ter essas respostas em mãos me deixava foi que não só o meu consumo mudou, mas também a minha relação comigo mesma e a minha forma de viver. Passei a querer me tornar a pessoa que tem todos os atributos que eu buscava nas peças. E, então, o jargão: vista-se de você mesma passou a fazer total sentido.
Agora, me conta nos comentários: como esse passo a passo lhe tocou? Você tem critérios que considera na hora das compras?